German ARCE ROSS, Paris, São Paulo, 30 de junho de 2015.

Entrevista concedida à TV Bandeirantes (Sao Paulo) para o Jornal da Band. Difusão do 30 de junho de 2015.

Hoje em dia, as relações de amor e principalmente as relações com o desejo, a formação e a permanência de casal tem mudado muito, juntamente com as transformações antropológicas da família e da sexualidade. Nós podemos falar de três grandes problemas do amor e do casal atuais.

O primeiro problema é que, enquanto a sexualidade é liberada além dos limites do aceitável, desde o fim do século XIX até agora, o amor é progressivamente idealizado chegando ao máximo hoje em dia. Isso mantém às vezes o amor a uma distancia muito grande para ser atingido por um sujeito que deseja, sem malícia, amar e ser amado. E, nessas condições, a formação do casal a través do amor vira uma obrigação moral excessiva que faz infelizmente diminuir o desejo.

O segundo problema é o que nós chamamos os triângulos poliamorosos sincrónicos. Não se trata mais de estabelecer simples triângulos amorosos clássicos, mas vários triângulos que coexistem juntando vários casais psicologicamente poligâmicos. Cada sujeito antecipa o risco de ser traído traindo antes o parceiro com um terceiro que faz a mesma coisa.

O terceiro problema é o que eu chamo o não-casal ou amor do solteiro. O sujeito procura só manter relações ligeiras múltiples e sucessivas, sem engajamento nem profundização afetiva, sem compromisso nem responsabilidade, quer dizer, sem nenhuma construção de casal. E se observam muitas relações de amizade, ou de simples parceria, com sexo entre pessoas que vivem sem construir nenhum relacionamento sério.

Estes problemas tem a ver com as tendências impressionantes à solidão sofrida por falta de amor e por falta de um casal extremamente idealizado. Mas também tem a ver com o poliamor (ou amor liquido), assim como com o não-casal (ou amor do solteiro). As questões de possessão excessiva, ciumes, vingança, desconfiança do outro e de si, e mesmo o desamor são alguns dos sintomas mais frequentes.

German ARCE ROSS. Paris, 2015.

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